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Jaula

E não é este desenho que te marca a face, este coração em duas cores, o foco de meu desejo?

Eu, perscrutando palavras para pavimentar meu caminho a você, faço cegamente a estrada que me leva a este coração – fonte cujas imagens em sonhos matam minha sede, nascente na beleza terrosa de teu rosto, as obsidianas de teus olhos, semi escondidas nas coroas das tuas madeixas, tal qual astros que refletem o brilho de tua alma, de toda a luz da tua existência, da fúria de quem você é.

Ó, quão contento tenho pela canção de teu coração de duas cores – o pulsar da nebulosa do teu infinito, que me aviva, me inspira e paralisa, convite ao viver, e que recrio em minha mente para embalar minhas insones noites.

(craquela em minha pele o desejo, como besta carnívora devorando meus músculos, como ferrugem limando meus ossos. quanta felicidade essa dor. como se algo inédito e ancestral nascesse em mim)

É normal essa espera incessante em alcançar teus veios, em ouvir o correr dos teus rios? É normal esse abalo e angústia que ferve meu sangue?

Tu, que a ninguém nem nada tem o que provar. Tu, que é senhora de si e única em ti mesma. Tu, que não sabe a prazerosa jaula que criei pra mim e mergulhei no néctar das ilusões, no qual, todos os dias, me afogo e retorno para morrer de novo.

(Bertrand Duvier, 2012)

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