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A Luzia de Débora Santos



Débora Santos é o que podemos chamar de uma artista requisitada. Costumeiramente saindo de uma produção e entrando logo em outra, seu nome se tornou uma constante na cena de quadrinhos cearense desde suas primeiras produções junto com o coletivo Netuno Press.

Este ano, destaca-se sua parceria com o roteirista Zé Welligton no quadrinho Luzia, adaptação em quadrinhos do romance Luzia-Homem, do escritor sobralense Domigos Olímpio, publicada pela Editora Draco.

Débora tirou um tempinho de sua agenda e me concedeu essa bacana entrevista que vocês podem conferir a seguir.


Como você define sua relação com sua forma de arte? Pra você é um trabalho? Um prazer? Uma união de ambas?

Acredito que uma união das duas coisas. Acabei chegando nos quadrinhos primeiro como leitora e como uma pessoa que nunca conseguiu parar de desenhar e consome histórias como forma de aprender, de me divertir, de me distrair, e cheguei onde estou agora, desenhando histórias como profissão.


Fale sobre seu último trabalho, Luzia, adaptação em quadrinhos da obra "Luzia-Homem" de Domingos Olímpio. Que desafios surgiram durante a concepção da HQ?

Acho que o desafio maior pra mim, quando estou desenhando um quadrinho grande, é conseguir manter uma rotina. Nem sempre consigo, pois... "a vida", às vezes problemas de saúde, entre outras coisas. Então acho que esse foi sem duvida o meu maior desafio. Conseguir fazer roupas legais também foi, até porque não fiquei satisfeita com essa parte do meu trabalho hehe


Quadrinhos e literatura são linguagens bem diferentes e não necessariamente possuem uma relação, mas existe um movimento - principalmente advindo das escolas - de ver os quadrinhos como uma mídia "ponte" pra literatura. Você concorda com isso? Como você considera que os quadrinhos podem ser abordados apropriadamente pela escola?

Olha, como ser abordado em sala de aula eu realmente não sei dizer - mesmo já tendo dado aula não me considero professora, nem educadora - mas acho que no geral a questão da leitura não é muito incentivada nas escolas como deveria e é difícil mesmo disputar a atenção das crianças e adolescentes a uma mídia silenciosa como o livro com outras como as audiovisuais. Definitivamente quadrinhos não são literatura, são uma linguagem própria - talvez essa compreensão equivocada de que quadrinhos se encontram no campo semântico da literatura dificulte uma abordagem interessante dessa mídia nas salas de aula? Mas sei que se for pra levar uma adaptação como Luzia para as escolas para incentivar a leitura do original já está valendo demais. E inclusive usar um determinado quadrinho para debater outros assuntos também! Enfim, sei que existem muitas possibilidades, mas gosto sim da ideia de usar adaptações com imagem como uma forma de introduzir as pessoas em outras obras.


Tanto em Luzia quanto em outros trabalhos, como Gringo Love, você atua como uma narradora visual que toma como base o trabalho de uma ou um roteirista, que é um profissional que prepara um texto escrito para que você possa reinterpretar em desenhos de quadrinhos. O quão "preso" a este texto é seu trabalho? Existe alguma reinterpretação ou refeitura do mesmo durante seu processo de produção?

Tudo depende de com quem estou fazendo o trabalho. Em Gringo Love, por exemplo, houve muita refação de roteiro, porque os autores estavam fazendo a história em pedaços e era o primeiro quadrinho deles. Então tivemos muita revisão de texto por parte dos editores depois de layouts já feitos e é claro que isso afetou a produção. Revisei e refiz muita coisa também, passei mais tempo fazendo isso, na verdade, do que propriamente na arte final.

Já em Luzia trabalhei com um roteirista experiente com quem tive um diálogo de sugerir as vezes detalhes no roteiro dele durante todo o processo, então fluiu mais nesse sentido.

Os quadrinhos que fiz com Márcio Moreira, por exemplo, como Pombos e Sapacoco, já trabalhei com um roteiro com pouquíssimas descrições de cena, no qual eu acabava compondo a página do meu jeito. Fiel aos diálogos e ao clima da história, mas visualmente mais despreocupada em seguir a risca tudo o que o roteiro pedia.


Falando um pouco sobre projetos futuros - o que você tem produzido e que fontes você tem consumido pra fazer estes novos trabalhos?

Atualmente estou focada nos freelas e em conseguir melhorar minha saúde. Trabalhar muito me rendeu problemas que viraram crônicos + Brasil com esse desgoverno + pandemia, então estou, primeiro, tentando ficar bem. Tem várias coisas que rabisco às vezes, que escrevo, inclusive histórias que estão aí só precisando de mais tempo para serem concluídas e desenhadas. Espero que role em algum momento. Mas em breve vai sair uma história curta minha e do Márcio Moreira, ainda esse ano.


Curtiu a entrevista? Então confere a resenha que fiz de Luzia na edição #232 da Rivista. Clique na imagem a seguir para comprar Luzia pela Editora Draco.



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